Conheça 5 representantes do rap indígena do Brasil

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Nesta quinta-feira,19 de abrir, é celebrado no Brasil o Dia do Índio brasileiro. Como sabemos as lutas indígenas são várias: por terra, condições dignas de moradia e trabalho, pelo fim dos estereótipos, contra a violência e mais - na música, todas as causas encontram um importante meio de expansão e resistência.

Muitos índios tem buscado cantar para falar sobre as lutas dos seus povos e a busca pelos seus direitos. Dentre esses, diversos artistas se apoiam no rap para falar sobre a difícil realidade das comunidades indígenas brasileiras - e com a arte conseguem quebrar antigos (e ainda disseminados) estereótipos sobre os povos tradicionais. 

Para celebrar esse dia de hoje, selecionamos cinco rappers indígenas que tem se destacado no Brasil. 

Souto-Mc
Foto Reprodução / Instagram 

Souto MC 

Com uma caminhada já há mais de 10 anos, Souto MC começou a ganhar projeção em 2017, quando foi convidada a participar de uma edição do Poetisas no Topo, projeto da marca Pineapple Supply que reunia grandes nomes da cena nacional. MC originária de São Paulo, zona norte, teve seu primeiro contato com o hip hop logo na infância. Criada em Itaquaquecetuba, grande São Paulo, sempre ouviu rap e samba por conta de sua família, extremamente movida a música. 

“O rap vai desde a roupa que eu visto até pagar as minhas contas. E essa vivência com o rap foi muito antes de virar uma profissão mesmo. Era o que era parecido com o meu bairro, era o que eu via na rua quando eu estava brincando. Por isso que rolou tanto essa identificação”. 

Puri-Teyxokawa
Foto Reprodução / Instagram 

Puri Teyxokawa 

Indígena Puri Teyxokawa, Kandu Puri é cantor e compositor nos idiomas puri e português. Via Azuruhu, selo artístico voltado ao desenvolvimento de artistas indígenas, Kandu tem desenvolvido projetos de produção musical, curadoria de artes e audiovisual. Seu trabalho está nas principais plataformas de streaming, como Spotify, Deezer, iTunes e YouTube

“Escuto RAP e funk desde menor e isso foi marcante ao longo da vida. O RAP chega como informação, protesto, luta, influência poética e política. Isso fez com que me expressasse através do RAP, para mostrar a realidade de indígenas em contexto urbano, em favelas, nas periferias das cidades, invisibilizados e esquecidos em um apagamento histórico”. 

Kaê-Guajajara
Foto Reprodução / Instagram 

Kaê Guajajara 

Kaê Guajajara canta desde de menina. Fez parte de uma banda de rap na Maré formada por artistas angolanos e por ela, indígena. As pautas das canções eram sempre identitárias, de denúncia às violências que sofrem seus corpos fora de seu espaço. Na virada de chave, pautada pela violência da qual Kaê Guajajara foi vítima, ela decidiu cantar sobre seu povo na cidade. 

Surgiu, então, seu primeiro trabalho, Hapohu, lançado em 2019. Ela decidiu viver suas origens apesar do receio da mãe. Passou a frequentar a aldeia Maracanã e seu discurso foi afinando. 

“Fui tendo um letramento de quem eu era. Crescendo, escrevendo, desabafando e tendo a música como pano de fundo”. 

A segunda obra de Kaê GuajajaraKwarahy Tazyr, foi lançada em 2021. Neste abril, vem mais um disco. E foi em 2023 também que rolou um convite importante: se apresentar no festival da posse do presidente Lula

Owerá
Foto Reprodução / Instagram

Owerá 

Owerá vive na aldeia Krukutu, na região de Parelheiros, extremo sul da cidade de São Paulo. Destaque desde a infância, ele ficou conhecido como a criança indígena que abriu a faixa “Demarcação Já” na abertura da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, minutos antes da partida de Brasil e Croácia, na Arena Corinthians. 

O jovem rapper da Aldeia Krukutu acredita que falar sobre questões como a demarcação de terras, direito garantido pela Constituição Federal de 1988, é uma missão. Tendo como referência seu povo, usa o rap para levar a mensagem adiante. 

“Os mais velhos que sempre lutaram hoje descansam para que a gente dê continuidade. Sou uma liderança que batalha através da música”. 

O compromisso com a luta indígena assumido por Owerá no rap o fez ser reconhecido como de fato uma liderança de sua aldeia em São Paulo. “Não me considero um ativista. Faço o que precisa ser feito, mas não quer dizer que eu sou um ativista. Sou apenas um jovem aprendendo o valor da vida através da música”, afirma o rapper. 

Katú-Mirim
Foto Reprodução / Instagram 

Katú Mirim 

Katú Mirim é uma rapper, cantora, compositora, atriz e ativista da causa indígena. Katú Mirim é reconhecida por suas letras, que através do rap/rock, reconta a história da colonização pela ótica indígena, através do rap ela fala das suas vivencias, identidade, gênero e orientação sexual. 

O rap de Katú tem linguagem acessível e evidencia algumas das pautas indígenas de maior reivindicação no cenário brasileiro. Em “Vestido de Hipocrisia“, por exemplo, ela aborda o tema do uso recreativo de fantasias de “índio” e explica o quão ofensiva é essa atitude em um país onde o genocídio cotidiano de populações nativas não alarma a opinião pública como deveria. “Vivemos resistindo e enfrentando artilharia / O seu racismo tem confete / Sua cara, hipocrisia“, ela rima no refrão. “O tempo todo tem sempre alguém para falar que eu nem deveria existir”, continua Katú

“Recebo muitas mensagens e comentários racistas, mas sigo sendo o que sou, e a melhor definição é resistência”.

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